sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Anjos Enamorados






Caminham ao arrebol
Na luz do Sol nascente e poente.
Saem das nuvens e descem
Celebrando a vida em toda a sua plenitude
Quem os vê?
Só quem tem a sensibilidade
De uma alma aberta aos mistérios
Do criador da criação
Ouvem o ruflar de asas
E um burburinho de cantos e risos
Que brotam de suas
Gargantas sacras quando se aproximam
Dos humanos.
Enamorados.
Eu já os ouvi.
Em revoadas
E sempre que preciso
Falo com o meu e quando o invoco
Ele vem sem demora
Acudir-me.
Pedi uma vez o meu em namoro
E sem titubear ele me respondeu.
Sim...
E por toda a Eternidade.



Eleni Mariana de Menezes

Volta Ao Lar




Fotografia de Monica Bobadilla



Chego vagarosamente
Adentrando a casinha azul
Feliz. Serena
Meu pai me abraça alegre
Minha mãe chora de felicidade ao
Ver-me ali plantada na soleira.
Estou inteira, agora, entre eles.
São o meu mundo,
Minha riqueza.
A cidade é pequena.
Tem um clima de paz que eu nem lembrava
Assusto com a simplicidade da gente
Que transita a rua calma
Todos nos cumprimentam sem rodeios
Alguns param pro dedo de prosa
E tem aquele cafezinho oferecido
Feito no coador de pano e que
Cheira-me a
Coisa boa, querida.
Fico atônita de ver o quão rica sou por tê-los
E que a distância e o tempo longe deles
Só me fez mais carente e necessitada
Desse convívio que nada,
Nenhum lugar no mundo

É capaz de substituir.

Eleni Mariana de Menezes

Conotações




Fotografia de Edemilson



O corpo é humano
A alma é Divina
Que belíssima sina!
O corpo nos engana
A alma é cristalina
É comovente revelar conotações
Meninas.
Menina dos olhos
Fada madrinha.
Também
É relevante destacar
Conotações fêmeas de vida
A própria vida é feminina.
Membrana plasmática
A gravidez
Porém, a mais encantadora que nos remete
Diretamente
E eficazmente ao pensamento
De uma figura delicada é
A encantada
Adocicada
Palavra

MÃE...

Eleni Mariana de Menezes

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Elo Perdido


Fotografia de Dragana Sarcovic


O elo perdido
Há que ser encontrado
Agraciado com o
Restauro
Se partido
Se descoberto entre os achados
Despedaçado.
Quem dera exista mesmo
E não apenas sonho
Do homem à procura de si mesmo
Não se encontrando
Nas coisas passageiras
À deriva tentando encontrar a nau
Que lhe salve
Do vazio incomensurável
Que moi e destrói seu Eu
Nunca satisfeito consigo mesmo
Menos ainda com o próximo
Tão distante das necessidades dos outros
Sempre esperam mais. Muito mais
Então, jamais será encontrado,
O Elo tão querido
Quem dera fosse possível...
Mas o se o fora não chamaria

Elo perdido.

Eleni Mariana de Menezes

Anônimos Heróis




Tarde que nasce
Com as paredes úmidas
De lágrimas
Dos que pelejam pela vida
Suor de povo humilde
Crescentes no ardor
De batalhas renhidas
Por que é preciso seguir
Em frente
Ser diferente pra conseguir
Sobreviver no mundo hodierno
Não basta ser igual
Cai no habitual e vai direto
Para o curral
Desumano
Que o capitalismo gerou
Fervilhando
De gente miúda
Financeiramente
Sem eira nem beira
Mas gigantes no querer
Por demasiado sofrer

Viram anônimos Heróis.

Ser Mãe


Fotografia: Anna


A mãe
Ri com os olhos
Sorri com as entranhas
Ao ver mão
Pequenina
Delicada
No vão de vir e ir
Da vida
Do tempo
Despontando
Erguendo-se em direção
Ao céu
Como se quisesse alcançar o mundo
Tateando o rosto
Abobalhado de tanta felicidade
Da mãe.
Que Irá segurar-lhe
Mostrar-lhe a direção
Do bom caminho
Do amor
Porque mãe é pra isso
Feita para ninar
Florir a infância
Apaziguar a adolescência
Acalmar o adulto, enfim...
Desbravar caminhos
Ser um ninho
De aconchego.
Doce segredo
Que somente mãe
Traz no gene
Na alma
No coração.



Eleni Mariana de Menezes

Meu Universo




Fotografia de Mercedes Añoto


Minha estrela sempre brilha
No meu céu interior
E perpassa minha alma
Traduzindo espinho em flor.
Meu caminho não desanda
Com as proezas de menina
Só desagua na ciranda
Que troveja minha sina
De eterno encantamento
Com a vida, com o mundo.
É tão nobre o sentimento
É robusto. É fecundo!
Meu viver tem muita vida
Pois fervilha em minhas veias
Alegria incontida
Meu cérebro tecem teias
Se a luta é mais renhida
De mais saber e mais ideias.



Eleni Mariana de Menezes

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Meus Olhos




Pelo canto dos meus olhos
Escorreram em serenatas
Noites serenas de amor
No olhar da paixão que nasce
Olvidando antiga dor
Uma estrela, então, brilhou.
Dentro da minha retina
Postado meu olhar em ti
E se desfez a neblina
A luz rompendo as trevas
Quando uma onda se chocou
Contra as rochas do meu peito
Que teimaram em namorar
As meninas dos teus olhos
Que ousaram fixar
Por breve instante em mim
E que eu jamais esqueci
Meus olhos nem são mais meus.
Vivem fora das órbitas
Procurando teu semblante
Que talvez nunca vivido
Neste mundo tão tristonho
E sequer tenha existido.
E que fora apenas sonho.

 Pelo canto dos meus olhos
Escorreram em serenatas
Noites serenas de amor
No olhar da paixão que nasce
Olvidando antiga dor
Uma estrela, então, brilhou.
Dentro da minha retina
Postado meu olhar em ti
E se desfez a neblina
A luz rompendo as trevas
Quando uma onda se chocou
Contra as rochas do meu peito
Que teimaram em namorar
As meninas dos teus olhos
Que ousaram fixar
Por breve instante em mim
E que eu jamais esqueci
Meus olhos nem são mais meus.
Vivem fora das órbitas
Procurando teu semblante
Que talvez nunca vivido
Neste mundo tão tristonho
E sequer tenha existido.
E que fora apenas sonho.


Eleni Mariana de Menezes

Meus Dedos

Fotografia de Denise Morcillo

Meus dedos
São meus medos
Arcas do segredo
Teias que me rendem
Prendem-me
A mim
Em travas que me escondem
Trevas que me calam
Sufocando-me
Apertam minha garganta
Mesmo quando sussurro
Meninos iletrados
Cegos
Não tecem
Não desenham
Não pintam
Não bordam
Não escrevem
São trêmulos e frios
Vazios
E sós na minha mão
São apenas dedos
Por isso mesmo
Retratam os meus medos.

Eleni Mariana de Menezes


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Amar

Fotografia de Patty Letta 



Crescer
Amar
Conhecer
Amar
Duvidar
Amar
Ouvir
Amar
Apalpar a vida
Amar
‘Experenciar’ a vida
Amar
Lamber a vida
Como a boca
Com o corpo
Com os olhos
Com a alma
Reter até a última partícula
Do último instante
Até o derradeiro suspiro.
Amar e amar
E, amar.
E como é bom amar!


Eleni Mariana de Menezes

Incertezas

Fotografia de Олег ф




Sou uma parte deste Universo
E de tudo que há Nele.
E o Cosmo habita em mim
E eu no Cosmo
Os séculos que já se foram
Deixaram suas partículas
Espalhadas no meu corpo
E minha mente condensa
Vidas passadas dos meus antepassados
Eu me doo pras experiências
Já vividas e retidas em recônditos
Lugares da memória
Que transborda de mistérios.
Quem sou eu agora?
O que já fui pela eternidade
Que atravesso?
Transito neste mundo
Com a boca cheia de palavras
Não ditas
E com a alma carregada
De vidas ainda não vividas
Sou uma explosão de enigmas
Um poço de surpresas
Um vulcão de incertezas.


Eleni Mariana de Menezes

Menina Eterna

Fotografia de Rosângela Bl 

Não me conheço
Estranho-me
Apercebo-me estrangeira
Neste corpo que me veste
Reveste meus sonhos
Alma de bailarina
Em corpo de idosa
A vontade é de leoa
Mas o coração não será
De um cordeiro?
Abro meus dedos frágeis
E minhas mãos não mais seguram
Meus desejos
Que tento retê-los neste físico
Minguado pelos anos.
O espelho reflete um ar cansado
Mas o olhar ainda grita
Por vida
E o que me acalma a alma
E que me sinto ainda

Uma eterna menina.

Eleni Mariana de Menezes

Minha Crença

Fotografia: MERCEDES AÑOTO 


Creio em tudo que vejo
Desde que cheire a amor
Que tenha as cores do amor
Que tenha a melodia do amor.
Que tenha o brilho do amor
Creio em almas prenhas
Generosas
Corações fartos
Gestos delicados
Regados de amor
Creio na alegria
Sem zombaria
Disfarçada
De quem ama a vida
Em uma gargalhada
Que ecoa doce nos ouvidos
Um riso sincero
Um olhar penetrante
Que rasga a indiferença
E nos descobre
Submissos e crentes
No amor que é pura
Vida nas nossas vidas.


Eleni Mariana de Menezes

O Ir E O Ficar

Fotografia: MERCEDES AÑOTO




Partir é morrer
Ficar é sofrer
Partir é sofrer
Ficar é morrer
Não queres partir
Não quero ficar
Não quero partir
Não queres ficar
Não queremos nos separar
Partir só é não saber aonde ir
Ficar só é perder-se no vácuo
Agora tu partes
Agora eu fico
Tu morres e eu morro
Tu sofres e eu sofro.
Mas levas contigo mil pedaços de mim

E fica comigo mil retalhos de ti.

Eleni Mariana de Menezes

Perseguição

Fotografia de: Amanda Castro




E seguirei teus passos pela praia
Nas marcas dos teus passos ecoantes
No ressoar do mar
Nas ondas errantes.
E seguirei teu vulto pelas noites
Em cada astro, estrelas reluzentes.
Na boca da madrugada sentirei
Teus lábios quentes.
E seguirei teu cheiro pelos campos
Nos ramos e nas folhas verdejantes
Hei de sentir de novo no meu corpo
Tuas carícias sussurrantes
E seguirei a ti,                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            mais além, no infinito.
No voo das gaivotas e albatrozes, nos instantes.
Em que voarem asas lá no anil
Relembrarei momentos sonhejantes
Por vales encovados nos abismos
Nas aves, nas asas tão arfantes.
Dentro de mim,
Hei de perseguir-te
Nas minhas lágrimas amantes.

Eleni Mariana de Menezes

Tua Existência

Fotografia de Günter Tauchner



E à noite, então, jogo-me ao leito.
E rompe em minha face, a fonte.
Toda a tristeza invade minha alma;
Tanto morrer nos sonhos, o silêncio.
Da noite que traga e exprime
Este amar-te que me mata e não redime
A lágrima de um canto amante.
Fecho os meus olhos...
Vejo-te ao meu lado, o mesmo riso.
O corpo imaculado, a tez serena.
A boca a me envolver o corpo;
E vejo-te nos olhos, nos teus membros.
A fonte que me aplaca me sacia
E de repente em triste agonia
Vejo que é sonho.
A madrugada me descobre insone
Lacrimejante e inerte no me leito
Com o coração a evocar teu nome
Com esta ausência que me fere o peito
E o Sol desponta doira o infinito
E um novo velho dia me desperta
No mesmo e novo lancinante grito
No não te ter
Na distância que me perde
E tendo findo os sonhos meus
E tenho um brilho de esperança
Uma vontade de rever-te, retocar-te.
Grito ao Uno por clemência
Pra me perder de amor em tua existência.


Apenas Sonho

Fotografia de ANNA

A tua ausência queda os meus passos
E já nem sei por qual caminho vou
Somente a utopia me leva aos teus braços
Num doce sonho que o tempo me roubou.
E à noite sou alma solitária
Que não encontra eco na voz e silencia
Não há mais que dizer do amor doce
Palavra. Já não celebro nem estar
Num mundo e desfalcada
Descalça e nua. Sigo rota
Uma rota vazia de esperança.
Eis-me sem ti. O sonho não renasce
Por que a noite densa envolve o meu ser
E reparte o meu coração em mil pedaços
Aos poucos vou morrendo porque o sonho
Não vinga e a minha realidade
Brutal demais me engole e me consome.
E vou pela vida afora repetindo o teu nome.



 Eleni Mariana de Menezes

A Espera

Fotografia de

ROMI SHARMA


Há uma vida em cada olhar
Com dias escaldantes e sombrias noites
Doce retorno em cada passo errante
Mil segredos em cada beijo sussurrante.
Em cada coração a palpitar
Existe um Sol e um Luar
Em cada olhar um riso doce
Em cada riso um olhar devoto
De quem tem vida pra viver
Além dos medos de não ser amado
Mas ainda, amar e muito,
Cada vivente encontrado
Ardendo de desejos de um dia
Encontrar o Elo perdido no passado
Quem dera um amor pra ser o
Maior do mundo.
Largo e profundo
O milagre tão esperado.



 Eleni Mariana de Menezes

Aquele Olhar

Fotografia de

Denise Hana



E não esqueço aquele olhar tristonho
Aquela lágrima cadente
Tal qual estrela reticente
A escorrer por tua face santa.
E ao ver-te a dor foi grande e tanta
Que desandou o meu querer
E eu quis tanto e assim morri
De tanto amar e sofrer
O meu silêncio sufocou meu grito
Morto na garganta e se fez grunhido
Não de gente, mas de fera enjaulada.
Somente uma vez aquele olhar
Atravessou-me. E foi como se fora
A vida toda. Talvez que outra vida
Ou outras tantas, vivi nos braços teus.
E tenha tido o teu olhar postado em mim
Pela eternidade sem fim.

Eleni Mariana de Menezes

Tempo Em Três Tempos

Fotografia de 

Petrus Apostolus




Sinto o tempo infinito
A vida espreita
O corpo que é finito
O tempo é tempo
Não é grito
Se fora está sem voz no momento.
Tempo é nunca visto
Em tempo de ser feliz

Há um tempo em que o sonho acorda
No meio da vida
E coloca um gosto de não dá mais
Na boca da gente
Que fica apalermado com o tempo que se acaba
E o sonho fica então adormecido.

Não pesemos o tempo
Por que ele passa
Sem piedade das nossas fraquezas
E nos transforma em espectros
De gente
Nos leva pra longe dos nossos sonhos
Pra fora das nossas ilusões
E viramos nada.
Definitivamente.


Eleni Mariana de Menezes