Oh! Deus! Economizai os
raios do vosso sol, que ele seja fraco como a estrela mais distante do nosso
universo e deixai a terra sem a luz que vivifica e restaura, mas poupai a
humanidade das guerras.
Economizai nos mares e
oceanos, que eles não passem de riachos transitórios que secam até a sua última
gota quando os verões tingem de sangue as pastagens secas e quebram em torrões
a terra ressentida, mas por caridade, poupai a humanidade do desamor.
Que a primavera não
chegue mais florescendo a serra e deixando um halo de divindade nas árvores
grávidas de amor, mas poupai a humanidade da fome.
Que tenha no céu um
único tipo de ave. Não precisais povoar as florestas e as matas de uma
biodiversidade magnífica para encantar o homem, ele não precisará perder o seu
tempo, assim, catalogando e estudando a enorme variedade de seres. Podeis,
também, deixar que cresçam uma só qualidade de flor. Talvez a rosa que por sua
simplicidade transmite humildade diante da imponência da Titan Arum.
Ou, ainda, podeis
deixar uma bem pequena que dezenas delas caberiam na cabeça de um alfinete, a
wolfia angusta.
Não retoqueis em
demasia as vossas criações de flora e fauna.
Construi a natureza
pobre e escassa de seres complexos deixando, então, o homem com parcos recursos
de sobrevivência, mas poupai a humanidade das drogas.
Eu troco Senhor, o azul que se estende no
horizonte e deixa a alma embriagada de esperança pela paz mundial.
Quando o sol nasce e
espalha raios coloridos enfeitando todo o nascente e revigorando as forças,
podeis trocar pelo opaco anoitecer sem noites de luar.
E que as trevas cubram
toda a terra para todo o sempre, mas não percais a vossa misericórdia na
desorientada humanidade.
Que o dilúvio lave e
leve a vida que brota em cada broto e flores que forram de amarelo as
passadeiras dos vales sombrosos repletos de ipês.
Que a vida seja tão
breve que não se possa sentir saudade e não se tenha lembranças boas que povoem
nossas mentes crentes de que tivemos um dia anos dourados.
Mas, Senhor, perdoai em
vosso Santo nome a humanidade toda sem que se tenha que judiar e matar de marte
trágica, dolorosa, sequer um de meus irmãos.
Deixai Senhor, que eu
ouça sempre o som do seu Grandioso Coração.
Autora: Eleni Mariana
de Menezes