domingo, 18 de dezembro de 2016

Comunhão




Fotografia de Pat J

Quando meus pés fazem voos
pelas noites nas ruas
eu vejo as janelas, portas, casas
sentindo a fria luz do céu,
busco escutar a vida no detrás
das paredes frias
desbotadas pelo dia que fugiu

Às vezes surge um riso
frágil raio
que se oculta sob um choro
ou embaixo da música que
não decifro

Quando meus pés caminham
e levam meu corpo através das ruas
escuto sons, ruídos humanos
que norteiam meus sonhos e ambições
ainda clandestinos no meu sangue
contrabandistas em minha alma
e viajo como se desbravasse o mar
tendo as nuvens como ondas
a noite como navio
o corpo como maré airevir
no oceano dos homens,
água mãe humana
a afogar com afagos
nossas cabeças fartas de portos
fartas de vidas que nunca chegam


Quando anoitece
e meus pés caminham
entre casas e muros janelas e portas
e ruas
sei que estou próximo da vida
em comunhão com os seres
em comunhão com os corpos
em comunhão com o cosmo.


A.N.I.

Kaiamã





Cai a manhã na taba.
Kuyiú e Iabá
Enrolam redes
Sonho curumim ao céu..
No mato cai iapó palpita
Beija a terra
Cria o verde e verte
Do seu coração
O chão.
Kaiamã desce dos céus
É Anjo de Tupã
Pões rios e lagoas
Azul no céu e no sol
Brilhando a manã.


A.N.I.

Miligrama de Verso XXVIII



Fotografia de Patrícia Julienne.

O que fica da vida?

Só saudade

O que nos resta?

Lembranças.

O momento cristaliza

Na mente

O doce instante

Fica retido

Gravado pra sempre

Na gente.


A.N.I.

Miligrama de Verso XXVII


Fotografia de Cristina Richter

Há sempre uma dor
Pra cada amor
Um amor
Pra cada dor
Um odor
Pra cada amor
Um amor
Pra cada odor.
Eternamente dói.
Destrói e
Reconstrói
Um eterno nascedouro
De dores e amores
É a vida.


Eleni

Teus Lábios


Fotografia de Pat J.

A boca cheia
De mil beijos
As curvas dos lábios
acesas
As meninas dos meus olhos
Ficam presas
Nelas
Viajo no pensamento
E coloco sobre elas
Os meus regados
Úmidos de amor
Brasa acesa no instante
Que os meus tocam
As cheias e belas
Dos teus 
Lábios, 
Cobiçadas
Curvas 
Delineadas pelos meus dedos
Trêmulos de amor
De paixão.


Eleni

Ósculo Santo



Fotografia de Fátima Joaquim

Balcão da alma
Amor regado a ósculo Santo
Palavra árvore nascida da magia
Amor que cabe o mar e Roma 
e amo e Omã
Poesia  calma
Do âmago da alma
Então não fora calma
Mas revolta
Total redomoinho
De emoções
Poetisa aflita
Que chora nos versos que não rimam
O amor que o mar não coube
E o Universo teve de se expandir para 
Suportá-lo inteiro.
Amor maior que ninguém
Jamais sentiu.
Quando meus olhos 
Pousaram nos olhos teus.

Eleni