domingo, 22 de novembro de 2015

Experiências


Fotografia de: Lúcia Serafim


Experimento a fala
faca afiada e fina
que fere a fonética da rima
que no meu peito não se cala
é ma bala solta
do odre oco do grafema
da sílaba linguística que prima
por explodir em regras de fonema!

Experimento a escrita
vogal e consoante em dilemas
que deixam a nu a fala nunca dita
que mostra o traço-linha do meu rosto
e marca que gravita
na folha viva que explicita
e deixa o meu sentir exposto!

Experimento a melodia
o ritmo e o compasso
o canto palavra-vida-espaço
desenho e caligrafia
catalizantes de emoções e pensamentos
que mãos e dedos numa língua universal
se comunicam
através dos instrumentos.

Experimento a vida
geocorpo e biofala
um cosmo tátil de literatura
de legras esmeraldas, faltas, joia pura
no alvorecer da fala
que undas ao gesto e à criatura
entoam o canto universal
que em mim nunca se cala.

Experimento o instante, o segundo
a vasta vala, vela-corpo-leve
e degusto a pouco-e-pouco o mundo
enquanto o olhar ao ar
percebe e segue
a vida
e aflora o dentro e o fora do profundo.


A.N.I