sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cidadela





Cidadela da minha desguarnecida.
Meu coração, o arqueiro já não tem
A zaga protetora, a guarida
Dantes disposta no sorriso de alguém.

Minha postura muito aquém de regular
Põe contra mim meu próprio time, os sentidos.
Ai, quantos gols angústias permiti marcar
E meu juízo, o juiz, valida os impedidos.

Meus adversários poderosos
Exploram meus rebotes desconexos.
Sempre fatais seus ataques perigosos.
Ai, que se extinguem meus reflexos.

O espetáculo não tem mais atrativo
Golearam meus sonhos e anseios.
Ai que o meu saldo se torna mais negativo
Se se eu me perco até nos escanteios
Da vida...

Autora: Eleni Mariana de Menezes

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Desilusão




Ouço teus passos rodeando a minha vida
Num desespero enorme de reconciliação.
Eu que no passado te amei como perdida.
Cadela em cio, farejei teu chão.

Como a um feto te acalentei no ventre
E tiveste o meu colo por esteira
Rosa se abrindo pra que o orvalho adentre
Eu me fiz oferecida como uma rampeira.

Depois fugiste criança assustada
Duvidando da paixão que me ardia
Eu com o corpo em chamas, viciada
O teu sabor de homem implorei com vadia.

Queres voltar? Podes não, estou condenada
Pois a dolorosa rejeição não suportei
Minha meiguice de deusa extremada
No auge da dor eu vomitei.

Tranquei-me no embrutecimento.
E neste emaranhado, nesta confusão
De angústia e ressentimento
Eu perdi a chave do perdão.

Autora: Eleni Mariana de Menezes

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Saber viver



A vida, é muito curta e breve
Viva, Ame muito
Não vale a pena ficar
preso, ao passado por alguém
que não te mereceu.
Não te entendeu
Não percebeu a beleza
do teu interior.
Amigo
olhe para os lados
não perca mais
seu tempo
com pessoas vazias
que não conseguiram 
te enxergar,
A vida,
esta acontecendo
Portanto meu amigo
Ame, Viva
Faça isso
Por você

Autora: Sandra Pires (Poetista)

Saudades eternas de minha MÃE







Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho!*♡♥☆★♡♥☆♡

Autora: Amanda Castro

A GRANDE PROCURA




Minha alma insiste em vaguear errante
Nas lembranças passadas de outras vidas
Evocando meu ego, ainda que inconstante
Pra que ele encontre alegrias, se vividas.

Troco de fé se a minha não comporta
Que em idos tive o olhar do amor postado
Em mim. Tua voz a me chamar da porta.
Entreaberta, que exibia o dorso oferendado
Nu. Ao meu amado, doce festim

E, quando a dor me torna agonizante
Minha alma foge em desespero tal
Geme, soluça, grita e ecoa dissonante
Da voz que solto: meu amor não retornou.

Por descuido deixei lá o meu amor
Retido entre uma bruma sonolenta
Pois cá estou destemperada em torpor
Nada daqui minha alma acalenta.

Nas sombrias lembranças minha alma busca
Onde ficou o amor. Por que não veio?
Em qual das vidas o perdi?  E ela se debruça.
Tentando encontrá-lo em febril anseio!

Voa à procura de um cheiro ou semelhança
Que teu corpo exalava em doce cio
O teu perfume ela persegue e não se cansa
De te buscar desesperada, em desvario.

Velha reconheço: minha procura foi em vã
Nada encontrei, a dor dilacerante me consome
Busquei-te pra abençoar-me. Vou morrer pagã
Sem o teu amor, e nem ao menos sei teu nome...

Autora: Eleni Mariana de Menezes

terça-feira, 22 de julho de 2014

A cruz e a espada



A cruz e a espada"

É que só chove lá fora
Por que eu sequei os olhos
Pra não manchar o destino
Escrito com o seu batom

Carregarei, a tal da cruz e da espada
Por ter escolhido a amada
Só não tá bem se não fere, não chora, não esconde, não morre e nem mata

É que aqui dentro de mim
Tem tanta coisa a fazer e a mostrar
Se no altar dizer sim
Tiro de lá só pra gente fugir e casar

E atiro mesmo, porque eu sou meio doido
E a outra metade é louca por ti
Só não tá bem se ocê segue sozinha, andando e cantando que ai é o fim!

Autor: Álisson Bonsuet

terça-feira, 8 de julho de 2014

Pequeno ensaio sobre a vida VI (O gato)




Acordei hoje

e o mundo era cinza

pesado e plano

em perspectiva linear,

abri a janela

e arregalei os olhos

pra longe.

Acordei,

com um gosto vazio de terra

e meu quarto cheirava

a mar

e ouvi ondas quebrando nas

pedras.

Sei que será um dia perdido

mal começou

e eu o sinto esvair-se

entre os meus

dedos (medos);

no espelho...

estou nu

e me contemplo completo de

carne e ossos,

corpo de sonhos

campo de

plúmbeasolidão.

O gato enrolado em si mesmo

dorme,

olhar semi-aberto

e cinza

sem preocupar-se

com o dia

e o vento

que pula pela janela

e nos abraça.

Parece-me um sonho eterno

abrir o mundo

com os olhos cinzas

ver o cinza rasgando o peito no frio do amanhecer;

não me arrisco a penetrar neste granítiespaço

guardo meus pés nas cobertas

fecho a janela e me esqueço que é dia lá fora;

o gato abre olhos

olhar cinza em mim

lambe a pata

e se enrosca

dorme

não se dá conta

nem sente o cinza,

apago os olhos

e sonho o cinza.


Autor: ESIO MARIANO

domingo, 6 de julho de 2014

Mágico Menino




Voa o menino. É alado?
Talvez tenha asas invisíveis
Que os olhos humanos não percebem
Apenas quem pode como ele
Crer na vontade de ser grande.
Ser o melhor naquilo que faz com amor.
Pode enxergá-las.
É contorcionista?
De certo que sim.
Pois, entre pernas adversárias lá vai ele
Com seus requebros estonteantes
Desintegra-se diante de abismados oponentes
Para se recompor lá na frente
E em giros espetaculares golpear redes.
E, quando vestido de verde amarelo,
O garoto multiplica-se em
Duzentos milhões de amantes da bola.
Deixa-se usar por todos nós.
Nós nos entranhamos nele e
Rolamos com ele nos gramados.
Vão junto, também, as nossas almas
Nosso querer e os nossos sonhos
E, então somos com ele, vencedores.
Também é o menino um perfeito desenhista
Quando reproduz nas suas cobranças
Com o floreio dos passistas
Nossos semblantes
Risonhos...
Com seus chutes certeiros e implacáveis
Aí então ele é um mágico gigante, e
Dobra o mundo que maravilhado
O aplaude de pé.
E, então, senhores?
É um Pelé?
Sim, ele o é.


Autora: Eleni Mariana de Menezes.