sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Simbiose



Tem uma menina dentro dos meus olhos.
Metade rosa, metade beija-flor
Ou ora uma, ora o outro dança
A música da vida cheia de fervor.

A menina é risonha e devotada
É uma réstia de luz do pôr-do-sol
Enamorada pelo amor, extasiada.
Baila ao som da flauta em serenata.

É ave, é som, é luz, é flor.
Há muita vida dentro da menina
Que ri e ama em profusão.
No meu olhar vive uma menina
Metade cérebro, metade coração.

Dentro da menina há um sonho
A menina me pede pra sonhar com ela.
O sonho me pede pra viver por ele
A menina e o sonho
Entrelaçam-se e se abraçam
E seguem inseparáveis pela vida.

Autora: Eleni Mariana de Menezes

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Anciã adolescente




Amo porque já me não basta não amar.
Não me encontro na idade do tanto faz.
Tanto que corro, corro nada, voo pra alcançar
Algumas sobras que o tempo, à vezes, traz
Plantei gerânios no meu jardim outonal
Pra garantir uma nova primavera e lá vem ela
Carregar de esperanças o meu mundo plural
E difundir a minha arte numa tela em aquarela.
Misturo todas as cores num abusado devaneio
Sem medo do ridículo, sem receio.
E me pego fazendo estripulia, quem diria?
Eu fosse perder a compostura depois da formosura.
E virar uma idosa ateia e inconsequente.
Uma mulher meio anciã, meio adolescente.
E brincar de namorar o menino sol-poente.
Numa ciranda de “ensina-me a viver”.
Flertar com o garoto que trata da outra
Idosa. Quer saber?
Vai cuidar de mim também um dia.
Hei de encontrá-lo ainda assim meigo e
Eu, serena
Pra ouvir meu coração no descompasso batendo
Aflito de amor.
Seja como for.
Irá sorrir pra mim, mesmo que por pena.


Autora: Eleni Mariana de Menezes.



quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Cotovia




Minha alma se assemelha à cotovia
Que canta prenunciando a esperança
Em tal efeito se derrama em primazia
Do saber ser um Ser cheio de bonança.

De boas novas, anunciadora para todos
Quem tem ouvidos afinados para ouvi-la.
Entretanto está só e em doces modos
Reparte primavera sem sequer usufruí-la

Prossegue seu voo solitário "despareada"
Seu canto inebriante, no entanto, entoa
Derramando sua alegria tão preparada
Pro banquete festivo da vida que povoa

Pradarias repletas de seivas que florescem
Debaixo dos seus olhos. E neles não refletem
Outro servil e companheiro, pois fenecem
Seus amores todos, que nunca se repetem.

Pobre cotovia que cantando implora
Um ser semelhante pra lhe acompanhar.
Irá morrer só a qualquer hora
Sem jamais ter tido um par.


Autora: Eleni Mariana de Menezes.


















sexta-feira, 14 de novembro de 2014

A LOBA DA ESTEPE




Sabem aquela loba solitária da estepe
Que uiva para a lua em agonia?
Fugiu-lhe o companheiro e recrudesce
A dor.  Eis no chão, já morta, sua cria.

Está sozinha na noite densa e tenebrosa.
O vento sopra seu lamento  à freguesia.
Que não se importa com aquela desditosa
Por não serem pares, lhes negam companhia.

A loba, leitores, sou eu.
A noite, é a vida, longa e sombria.
O companheiro era meu sonho
Que me abandonou no meio às tempestades
Daí, fiquei vazia.
A esperança jaz morta, era tudo que eu tinha.
Minha irmã, minha mãe, minha filha,
Era a cria.

  

Autora: Eleni Mariana de Menezes

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Muito de mim





Assim não menino.
Tão perto de mim com esse cheiro de amor
Provocador que arrebata
Minha alma e vôo
Para um paraíso onde tenho pouca idade
E a beleza de uma deusa
Por que fizeste isso?
Passar da linha de segurança para ti.
Atrevi-me em cheirar os teus cabelos
Mais não pude.
Seria queimada viva na fogueira
Acesa por minha própria consciência.
Por ser tão despudorada.
Retira, pois, de mim, esse olhar que inflama a minha dor.
Senão, eu vou por ti, morrer de amor.
O tempo dilatou o meu juízo
E cabem nele tantas travessuras
Que tenho receio de  que sobre para ti
Muito de mim.



Autora: Eleni Mariana de Menezes

Eternamente Amor




Meu amor primeiro partiu
Examinei meu coração pra ver
O tamanho da ferida.
Enorme. Maior que eu podia considerar
Tantos anos depois da nossa separação.
Tenros anos aqueles. Inocência genuína.
Dormíamos, quando ia pra sua casa
Em quartos contíguos
Parede de tábuas
Um buraquinho na madeira
Dedinho colocado ali como se fora
Aquela passagem feita só para isso
Receber o carinho da minha mão
Alisando-o.
Sua irmã, minha amiga era nossa
Cúmplice.
Virava de costas para mim sorrindo
Amadrinhando a nossa relação
Eu no canto da cama. Vira-me para a parede
E ficávamos até adormecer roçando um dedo no
Outro.
Às vezes me atrevia e abarcava aquele
Médio com a minha mão inteira.
Quente. Apaixonada.
Seu pai me apresentava pra todo mundo
Como nora sua.
Fizera ele próprio aquele furinho para seu filho?
Jamais saberei.
De qualquer forma, agora dói demais aceitar.
Que a vida tenha separado
Um amor que poderia ter rompido
E vencido o tempo como agora
Vence a morte.

Autora: Eleni Mariana de Menezes.


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SORRISO





Se tem uma coisa que me arrebata


Capta


Toda a minha essência


É o sorriso.

Se não queres que eu me apaixone por ti

Jamais sorrias


Pra mim.



Autora: Eleni Mariana de Menezes

DESVALIDAS MENINAS DE CHIBOK




Infelizes
Mulheres de Chibok
Que caíram nas mãos do grupo Boko Haram e
Foram
Extorquidas da sua liberdade
De escolha.
Musas de Borno,
Destituídas do direito de ir e vir.
E sonhar com o olhar que cativa e chama
Pra ser feliz
Meninas nigerianas expostas
Como pedaços de carne e viram
Depósitos   
De espermas de seus senhores.
Moças que serão transformadas em servis meretrizes
Talvez esposas, mas sem a chama da conquista.
Perdem o desejo e vão caminhar com o coração carregado
De mágoas. Nunca mais o noivo
Esperado e sonhando nas noites molhadas
De sereno.
Vão se tornar nas mãos de algozes vis
Garotas de programas.
Anagramas mal decifrados.
Esfarelados
Seus ideais de mães.
Extremadas.
Despojadas das vestes e ventres
Belos que ansiavam ser
Devorados por querer em cios afoitos.
Desejosas de serem possuídas e possuir
Não celebrarão nunca mais.
O sabor do existir.
No belo formato de princesas.
Extinto  
O fogo que se ascende somente no jogo
Das levezas
Jorradas nas fontes de ternuras
E branduras de úteros e ou almas femininas.
E nunca mais serão as mesmas alegres meninas
Triste sina
Agora, apenas serão
Pobres e desvalidas meninas.

Autora: Eleni Mariana de Menezes






domingo, 9 de novembro de 2014

Pássaro Migratório





Meu coração é um pássaro migratório

Que quebrou as asas e o bando o abandonou

No meio de um denso e sombrio pantanal

Cá debaixo olhando o festival

De revoadas, chora a solidão num ofertório

Das penas traiçoeiras que castrou

Seu voo. Sua busca de um lugar revigorante

Pro acasalamento de corpos e de almas

Já não basta.

Chorar. A dor é tão pungente

Que se alastra

E ele, se enrodilha e de repente.

Prostrado se despede da vida.

E agradece a tristeza tal qual cobra

Que o devora vivo e o socorre

Do tédio de ser só

A aguda agonia despedaça e o dobra

Ai, ai, e é com prazer que ele expira e enfim, morre.


Autora: Eleni Mariana de Menezes

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

PURO INSTINTO?!






INSTINTO?

SIM, INSTINTO!

PURO INSTINTO?

ACHO QUE SIM.

FOI SOMENTE POR INSTINTO

QUE PAREI EM VOCÊ?

NÃO, INSTINTO NADA

MINTO.

FAREJEI TEU CHEIRO

ATRAVÉS DE MILHARES DE VIDAS...


Autora: Eleni Mariana de Menezes

RIMAS QUE CASAM





BEIJA-FLOR ?

PRIMOR?

FRESCOR?

FERVOR?

FULGOR?

ARDOR?

Agora sim, cabe o


AMOR

Autora: Eleni Mariana  de Menezes

ONDE O AMOR?






Espaço?

Traço?

Compasso?

Laço?

Desisto!

Nenhuma rima é bela se não casa com

Amor.

Autora: Eleni Mariana de Menezes

SINTONIAS & SINFONIAS




Em sintonia fina com o Universo

Que deleite!

Sou o Sol, sou Maré.

Sou um pé

De vento. Um vendaval

Um quintal

Carregado de luar

Sou a chuva que despenca

Em cantigas sonolentas de amor.

Sou Luares

De prata. Sou a nata

Da alvorada derramada nos umbrais

Sou serranias cheias

De magias

Sou o vale espraiado

Ao pé da serra

Sou o mar. Tenho

Ondas quebrando no meu ventre

Arrebento

Em uivos o meu gozo

Sou a estrada sem fim

Sou jasmim, 

O cravo, a samambaia

Sou a praia

Ensolarada.

Arrebato

A luz e viro Arco-íris

Sou um cisne

E sou o lago

E sou a negra nuvem

O farol do vaga-lume

O trovão.

O azul da imensidão.

A mata

A cascata

Sou o céu de anil

Sou o sol

O arrebol

Sou a vida

A avenida

A alegria

A sinfonia 

Sou o rei

E o plebeu

Enfim sou, também, Você e Eu.

Autora: Eleni Mariana de Menezes

Complexos existencialistas




Tomei o ônibus, estava indo prum lugar onde quase nunca me sinto bem; para preparar o espírito abri um livro de crônicas do Braga, a viagem é curta, posso ler rapidamente sem ser atrapalhado. Fui interrompido da melhor maneira possível, um perfume doce e delicado estava ficando cada vez mais forte, levantei a cabeça e me deparei com a mulher mais linda que já vi na vida; vestida com calça vermelha e sapatos de couro, cabelos louros, pele corada do sol, uma mochila grande com estampa floral nas costas, batom discreto, consigo lembrar até da cor da unha, não tinha erro, estava apaixonado. Quanto mais olhava-a, mais queria olhar, e, com medo dela estranhar disfarçava proutro lado como se nada quisesse, fui montando uma história, com um H presunçoso e proposital, dentro de minha mente, narrada por mim mesmo; acharia a forma de escrever pra ela, eu sentia essa necessidade! Naquele momento era algo que pulsava dentro de mim, eu estava apaixonado! O ponto chegou, avisou o apito final vindo do ônibus, desci sem dar adeus a Júlia, sim, ela tem cara de Júlia, não, eu não sei o nome dela de fato. Após ter colocado o primeiro pé no chão senti que deveria ter feito algo, mas, para surpresa maior ainda, um cheiro forte e selvagem atravessara o meu caminho, novamente nada de novo, pra essa dei o nome de Helena... O meu? Me chame de coitado.

Autor: Álisson Bonsuet

domingo, 2 de novembro de 2014

A Minha Espera





Caminho solitária porque minha estrada tem

Bordas de sonhos

Que penetram nelas apenas quem escuta

A minha voz que não solto

Em palavras.

Elas se espalham com o vento

Na leveza das plumas alvas

Da minha alma

E se alguém ouvi-las

É porque entendeu que a minha escada

Espiralada

Tem degraus construídos de emoções

Todas nascidas de uma vontade

Suprema de estar só

Pra esperar o que ainda não decifrei

Não reconheci de meu

E espero fazê-lo

Num único olhar

Que irá tragar o meu eu e

Entranhada nas entranhas desse amor

Não causar estranhezas para o Meu Amado


Autora: Eleni Mariana de Menezes