quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Lágrima no olhar





E se transformará
o riso em pranto
na cara, as sobras do humano
no peito o mundo profano
e a boca que o Anjo beijou
hoje fétida e infecta
hálito pútrido emanou!
E há de reverter-se
transformar-se
buscando em seu caminho
volta ao fato, volta ao ventre
entrando ré, em seu dentre
o próprio desentender
e o canto inverterá em choro
em grito hediondo
o corpo em holocausto eterno
presente vida
é o inferno
na loucura de sentir!
E há de chegar o sangue
frio, tênue, a fenecer
enregelando a máquina vital
fechando no olhar, o farol
tecendo teias nos membros
e vem, corrói, a ferrugem
e o ser se vai em viagem
buscando o amanhecer!
A vida, há de mudar
só o silêncio
total mudez vai ficar
fraqueja o riso, se fina
tristeza e melancolia
e uma lágrima no olhar!


A.N.I.

Silêncio



Fotografia de Kamal Rustum - Agha



Eu e o silêncio
de mãos dadas pela vida
percorrendo os mesmos caminhos
na mesma trilha
em busca dos espaços
na caminhada em busca do infinito.
Eu e o silêncio
na imensidão da humanidade
na completa solidão!
Eu e o silêncio
e as lágrimas cadentes
do olhar baldio
eu e o silêncio
em busca da esperança
no rastro da alegria
caminhando...
em busca do viver!

Silêncio!
E a folha cai na alma
murmura a fonte na colina
e os pés errôneos, tíbios
refletem, espelham-se nos lábios mortos.

Silêncio!
E a própria paz naufraga
sussurra o doce vento na floresta
e a esperança morta, fecha a vista
e esparge a amargura aos céus.


Silêncio!
E a alma em agonia
fenece na solidão!

A.N.I.