Tomei o ônibus, estava indo prum lugar onde quase nunca me sinto bem; para preparar o espírito abri um livro de crônicas do Braga, a viagem é curta, posso ler rapidamente sem ser atrapalhado. Fui interrompido da melhor maneira possível, um perfume doce e delicado estava ficando cada vez mais forte, levantei a cabeça e me deparei com a mulher mais linda que já vi na vida; vestida com calça vermelha e sapatos de couro, cabelos louros, pele corada do sol, uma mochila grande com estampa floral nas costas, batom discreto, consigo lembrar até da cor da unha, não tinha erro, estava apaixonado. Quanto mais olhava-a, mais queria olhar, e, com medo dela estranhar disfarçava proutro lado como se nada quisesse, fui montando uma história, com um H presunçoso e proposital, dentro de minha mente, narrada por mim mesmo; acharia a forma de escrever pra ela, eu sentia essa necessidade! Naquele momento era algo que pulsava dentro de mim, eu estava apaixonado! O ponto chegou, avisou o apito final vindo do ônibus, desci sem dar adeus a Júlia, sim, ela tem cara de Júlia, não, eu não sei o nome dela de fato. Após ter colocado o primeiro pé no chão senti que deveria ter feito algo, mas, para surpresa maior ainda, um cheiro forte e selvagem atravessara o meu caminho, novamente nada de novo, pra essa dei o nome de Helena... O meu? Me chame de coitado.
Autor: Álisson Bonsuet