quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Candelabro


Fotografia de Perla missmai




Na sala, aquela dor antiga
de um momento amigo, que findou.
Lembranças fortes se misturam
conturbam, deitam-se no carpete
e o cheio de outro corpo conhecido
repete na memória de um amante.
Das pálidas paredes nuas, descascadas
um som de passos em escada
e o batucar do coração aflito
na sala, névoas de um passado amante
do instante em que o amor se fez
e os sons das roupas que caíram
ressoam no olhar que chora.
E assim, luar prateado
o candelabro antigo, ainda ilumina...
o candelabro, testemunha antiga, amiga
que ouviu dos corpos a união, a fadiga
e os gestos de animais no cio.
O candelabro antigo, ainda ilumina...
e faz nascer recordações
no mar de um coração arfante.
E a lucerna enfraquecida que ele jorra
em fina chuva de luar, aumenta
as cinzas de um distante e longe
o eco de um címbalo perdido
e a lágrima de um corpo amante.
O candelabro crispa, incendia
a sala, onde o amor se fez e faz
voltar os vultos nus de uma alegria
de um passado que se fez. Não volta mais.
O candelabro, a sala enevoada, paredes nuas
e as lembranças a valsarem pelo chão.
O candelabro, testemunha...
O peito em amargura...
Um amante em recordação!



A.N.I.