quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Esquece Esta Dor


Foto; Joan Marti




Cola teu rosto
no espelho
o gosto do selo
de sê-lo espelhar
Vai para praia
desanda
se joga e afoga
se afaga no mar
pinta tua lua
mais nua
a cara
mais crua
a coragem
gritar
põe tua roupa mais nova
a boca mais livre
o riso a cantar!
Pinta esse pingo
essa ponte
tua fonte
e a alma vomita
e exorta
Esquece esta dor!


A.N.I.


Início, Meio e Fim


Fotografia de Sheila Kosta

Cola tua boca na minha
E siga o cheiro do amor
Pinta de esperança
Meu mundo espelhado
Espalhado no prado
Do sonho, o esplendor
Minha dança
Começa na festa
Quando teu olhar orquestra
Meus sentidos e o sabor
Do teu riso deságua
No meu oceano de cor
Decoro teu rosto de tanto
Redesenhá-lo na minha memória afetiva
E a vida cobiça essa história
Pra repeti-la por vários milhares
De vezes
E eu, submissa, respondo
Por uma eternidade sem fim
Fui tua no início, no meio e no fim



Eleni



terça-feira, 24 de novembro de 2015

Miligrama De Verso XXIV


Fotografia de: Luzia C.B. Gobatto


Desisto de pessoas que para parecerem difíceis, fingem não querer apostar no amor. Não possuem nenhuma inteligência emocional por desconhecerem totalmente a brevidade da vida.


Eleni

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Húmus

Fotografia de Amanda Castro



Elo fluido
Elo contido
Ela perdida
Ele sorvido
Ela fugida

Elos envoltos
Eles tão soltos!
Elas em voltas
Eles absortos
Elas, as portas...

Elo perdido
Ela sofrida
Ele caído
Ela, a vida
Ele havido
Nós?
O que importa?

Somos a porta
do tempo esquecido
o branco da vida
o roxo da morte
o vermelho da ferida
No entanto, somos a vida
Húmus da flora


A.N.I.

domingo, 22 de novembro de 2015

Experiências


Fotografia de: Lúcia Serafim


Experimento a fala
faca afiada e fina
que fere a fonética da rima
que no meu peito não se cala
é ma bala solta
do odre oco do grafema
da sílaba linguística que prima
por explodir em regras de fonema!

Experimento a escrita
vogal e consoante em dilemas
que deixam a nu a fala nunca dita
que mostra o traço-linha do meu rosto
e marca que gravita
na folha viva que explicita
e deixa o meu sentir exposto!

Experimento a melodia
o ritmo e o compasso
o canto palavra-vida-espaço
desenho e caligrafia
catalizantes de emoções e pensamentos
que mãos e dedos numa língua universal
se comunicam
através dos instrumentos.

Experimento a vida
geocorpo e biofala
um cosmo tátil de literatura
de legras esmeraldas, faltas, joia pura
no alvorecer da fala
que undas ao gesto e à criatura
entoam o canto universal
que em mim nunca se cala.

Experimento o instante, o segundo
a vasta vala, vela-corpo-leve
e degusto a pouco-e-pouco o mundo
enquanto o olhar ao ar
percebe e segue
a vida
e aflora o dentro e o fora do profundo.


A.N.I



sábado, 14 de novembro de 2015

A Última Gota





A última gota
d'água cai no copo
transborda o corpo
o copo se esvazia
e a alma em galhardia
quer sorrir!
E assim...
o copo vazio
se enche de mágoa
no vento sombrio
na água que verte
que veste o chorar,
e com a gota
última e certeira
transborda a alma
a vida inteira
certeira é a dor
na hora do amor
no amar a morrer!
Vazão!
Encheu-se o copo
fugiu do corpo
nasceu nos olhos
o luzir do riso
de nova esperança
e a lágrima cai
com a gota que veio
com o amor
que fugiu!

A.N.I.

Recomeço é viver





É preciso ir em frente
ir além dos desejos caminhar e seguir
é preciso sorrir
é preciso viver
necessário é sentir
imprescindível é o ter...
Recomeçar!
Percorrer os caminhos
e ir
além das ilusões
renascer noutras terras
ressuscitar nas paixões
recomeçar!
No instante da vida
no momento da dor
na alegria que nasce
no despertar de outra flor
outra terra pisar
outro chão engolir
outro pó se entregar.
Recomeço é viver
recomeça no andar
pois a vida é andante
é vagante no tempo que corre
e é preciso saber, o momento de ir
de nascer
é preciso sorrir
ir além do futuro
recomeçar
renascer!

A.N.I.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Lágrima no olhar





E se transformará
o riso em pranto
na cara, as sobras do humano
no peito o mundo profano
e a boca que o Anjo beijou
hoje fétida e infecta
hálito pútrido emanou!
E há de reverter-se
transformar-se
buscando em seu caminho
volta ao fato, volta ao ventre
entrando ré, em seu dentre
o próprio desentender
e o canto inverterá em choro
em grito hediondo
o corpo em holocausto eterno
presente vida
é o inferno
na loucura de sentir!
E há de chegar o sangue
frio, tênue, a fenecer
enregelando a máquina vital
fechando no olhar, o farol
tecendo teias nos membros
e vem, corrói, a ferrugem
e o ser se vai em viagem
buscando o amanhecer!
A vida, há de mudar
só o silêncio
total mudez vai ficar
fraqueja o riso, se fina
tristeza e melancolia
e uma lágrima no olhar!


A.N.I.

Silêncio



Fotografia de Kamal Rustum - Agha



Eu e o silêncio
de mãos dadas pela vida
percorrendo os mesmos caminhos
na mesma trilha
em busca dos espaços
na caminhada em busca do infinito.
Eu e o silêncio
na imensidão da humanidade
na completa solidão!
Eu e o silêncio
e as lágrimas cadentes
do olhar baldio
eu e o silêncio
em busca da esperança
no rastro da alegria
caminhando...
em busca do viver!

Silêncio!
E a folha cai na alma
murmura a fonte na colina
e os pés errôneos, tíbios
refletem, espelham-se nos lábios mortos.

Silêncio!
E a própria paz naufraga
sussurra o doce vento na floresta
e a esperança morta, fecha a vista
e esparge a amargura aos céus.


Silêncio!
E a alma em agonia
fenece na solidão!

A.N.I.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Lua





E a lua cheia
se despiu pro mundo
e a Lua nova
dela se invejou
Lua minguante
prorrompeu em prantos
Lua crescente no
mar se afogou

A Lua cheia clareou a Terra
e fez o mar se agitar de amor
e prateou a negra madrugada
jorrou no céu todo seu esplendor

E a noite ao ver a Lua cheia e bela
fez-se mais leve e pôs-se a cantar
e pelas frestas, umbrais e janelas
crispou seus raios e só fez sonhar

Amanheceu
e o sol se foi chegando
na revoada que tingia os céus
a Lua nua, flor da virgindade
se entregou ao sol
e se deitaram no leito do mar
e se amaram no momento etéreo

A Terra inteira
a humanidade toda
a natureza, tudo despertou
E quando o amor chegou ao próprio fim
partiu a Lua, dama de cetim
e o astro Rei
na amplidão clamou:

"Volta Lua amante
só mais um instante
eu quero te amar
Lua de cetim
volta pra mim
Vem me abrasar..."

E a Lua ouviu
para o Sol voltou
e o Sol se abriu
a Lua se entregou
e o dia então sorriu
e o mundo cantou.


A.N.I

Vem

Foto de Lolô Blanco Alvarez



Vem ouvir minha voz
vou cantar
vou deixar escapar meu viver
vem pra junto de mim
vou cantar,
vem ouvir minha voz
e escutar a canção
a nascer do meu ser,
e as notas e os sons vão voar nas estrelas
e rasgarão os céus.
Vem sentir o mar, a procela
e o pôr-do-sol a enfeitiçar,
vem, e hás de ver estrelas
nesta canção singela e vivente
que nasce de uma paixão.
Vem!
E sentirás nos meus olhos um brilho
verás no peito meu, um trilho
que a lágrima plangente devastou.
Vem!
Escuta a voz desta canção amiga
e hás de perceber uma saudade antiga
uma paixão, uma fadiga
e uma vontade de sorrir.
Vem!
E ouça a voz do meu peito
e hás de amar, como eu amo
e hás de chorar ao ver o pôr-do-sol!

A.N.I.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Semeador





Um campo...
À espera das sementes.
Sementes...
À espera das mãos
do suor de um semeador.

Há um caminho que espera
pra receber os teus passos
lágrimas que desesperam
o consolo dos teus braços.

Existem trevas que clamam
a luz que fulge em teu olhar
e é preciso coragem. Ir em frente
caminhar!

Uma terra inteira...
Pronta, fértil...
Em pleno cio...
À espera de sementes novas
pra conceber os frutos
e ajudar o mundo, matar fome...
Faltam tuas mãos..
Faltam teus pés e passos...
Falta teu suor...
Falta o teu amor...

Vá!
És semeador!


A,N.I.

domingo, 8 de novembro de 2015

Nova Estrela





Surge no céu uma nova estrela
brilha no espaço uma luz
claridade que abraça
e a  uma nova vida conduz.
Surge este novo astro
na areia luzente do espaço
deixando no corpo do homem
rastros...
de luz!

Claridade que cintila
quando oscila o querer
mão que protege e que guia
na indecisão, no sofrer.
E agora no céu desponta
como uma rosa espacial
no leve sopro Divino
me guia pra outro destino
me leva ao alegrar.

Uma nova estrela que surge
um novo astro a brilhar
guia meus passos
pelos espaços
solto meus braços, e saio a voar!

Nova luz!
Novo astro a cintilar
nova vida
estrela a guiar
a reluzir no céu
do meu viver!

A.N. I.

sábado, 7 de novembro de 2015

É preciso ir em frente





Há um caminho longo a percorrer
há uma estrada a ganhar
e é preciso ir em frente a caminhar!
Há um novo horizonte pra ver
há uma nova canção pra cantar
nova terra a comer
novo chão a pisar
há uma nova estrela a seguir
uma nova luz a guiar
há um novo céu pra chover
uma nova vida a chegar!

Há um vento que espera
há uma fonte a beber
e é preciso ir em frente e sorrir!
Há um campo pra semear
há um celeiro pra receber
uma morada pra se asilar
e campinas por onde correr.
Há colheitas pra se fazer
há o abraço pra se enlaçar
há um pó pra se respirar
há um mar pra se nadar
é preciso ir em frente, sofrer!

Há um amor por amar
há uma boca pra beijar
há um olhar pra se envolver
e um corpo pra se abrasar
Há uma mão pronta pra se tocar
e um hino para entoar
há uma montanha pra se escalar
e é preciso ir em frente! Viver!
Nova vida
está pra chegar!


A.N.I



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O Canto





O canto é uma oração
que a alma entoa
é o momento em que
a ave humana se liberta
e voa
vaga ao encontro do infinito...

O canto é a união
e em cada ser ressoa
é o breve instante
em que as mãos se encontram
e voa
a paz, num uno riso fraternal.


A.N.I.

Passos





E este olhar perdido na calçada
egresso de um mito de um fato
ressoa pelo vão dos seres
e tomba em seios portentosos

O riso desta boca perde o aço
e um facho raia, rasga risos
ecoa no entre as frestas caudalosas
inoculando vozes restringidas

E esta vida salta, burla o nexo
há o arrastar elíptico de sonhos
e o dedo trança corpos em tabacos
enquanto o peito irrompe em letargia

Um ser caótico na ronda peregrina
de tímidos balbucios arraigados
constrói de lágrimas, fibras respirantes
pinta estilhaços pelas madrugadas


A.N.I.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Entardecer





Passaste ao largo dos meus olhos
e o vento domingueiro
me trouxe o laranjal do teu regaço,
nem denotei a tarde
nem mais sorri palavras de colunas
segui o esvoaçar do teu sorriso
e vi o paraíso da retreta
fazer marchinhas, movimentos
na minha palheta
vagaste...ao longe do meu terno
e mais rubro fiquei ao ver tua graça
e de repente
eu vi dançar na praça, o Cisne
acompanhando rendas do teu broche
numa brochura amante
que o meu peito ainda infante
criou poemas das calçadas
e segue hoje meio roto
de tanto rascunhar-te!


A.N.I.

Hitos





A catedral em névoas
e os seculares carrilhões
e estas digressões feéricas
saintes de passos capengantes
o incenso entoa bocas, bafos
imagens pálidas erguidas
aguardam lábios batinais
há um rio inteiro, frases em dilúvios
lágrimas vetadas pelo ardor
há que curvar, persignar-se, cair!
Joelhos, bases de mundo em podridão
cabisbaixo! A mão quase eplética
se encontra e inunda
do coração olhar rasgando a nave
e a súplice oração do cio
em folhas de latim já espargido
aos pés da cruz,
a via-sacra do abandono
a via-crucis da esperança
e o ângelus da solidão!


A.N.I.

Aragem

Fotografia: blog Trecos e Cacarecos



O vento sacode folhas
e brinca com roupas no varal
há um cheiro de água na ventança
e um certo céu de frio
a cama espera

O rádio grunhe santições
sapatos espalham-se ao quarto
a luz se faz branda
e o éter narcotiza dores!
a cama vai ao vento

E o vento desfaz tranças
a roupa no varal, já seca
desfiam-se tocos e tabacos
há um quase homem, quase vida!
a cama silencia


A.N.I.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A Magia





O desejo inflama a alma
e brinca com os corpos
há um cheiro de beijo molhado
Na noite carregada de promessas
e um certo rubor tenta adiar a troca
o amor, por ser paciente, espera

Os arcanjos entoam serestas
a luz da lua cobiça o fulgor do riso
Um cheiro de amor invade o quarto
E não há mais como fugir
e ela se aninha nos braços do amado
O amor, por ser caridoso, acolhe.

Os dedos desfazem as tranças
e a porta já está trancada
pro começo da magia
Os Querubins celebram
a dança do acasalamento
Até que enfim....
O amor, por ser corajoso,  acontece!


Eleni

Calhas





A noite efervescente jorra
estrelas dissidentes do espaço
criando o berço do abraço
acalentando o leito de procusto
e sela o mel em cera
a form ado olhar quase equipara
no lótus e à tulipa negra
É vesga a noite
o vento geme entre frestas
e a lacuna que se inflama
equizema cardiocerebral
aurora boreal no asfáltico noturno
retorno de desalentar - soturno -
Ribombo de outra nave cósmica
a guerra de olhares tíbios
afifos afônicos de pássaros
que o pé traçante se acorrenta
rebenta o chão do mar
não há o que voar
as asas não se enfunam
e o canto rasga o vento
morre sobre a areia
à beira o mar!


A.N.I.

Tangência





O coração quase perdoa
o amor traído
mas não olvida a dor
do corpo
que no corpo seu
em outro foi unido




Já não estou só
teu riso me acompanha

já não choro
o ver-te me conforta

Já não sonho
em ti sou mais real,

Já não estou só
teus olhos me tocam,

Amo-te!


A.N.I.



Boa Noite





Nem bem te disse adeus
e já nascia
no corpo de minha'alma
as trevas da saudade
e a triste agonia
do ausentar, e do partir

E em névoas da noite
tu sumias
enquanto nos meus olhos
em meus lábios resistia
as fragas e fagulhas
do teu riso

E precisarei de forças e energia
pra voltar com passos
buscando novamente meus caminhos
reconstruindo minha fantasia
meu espaço
ardendo em febre pelos teus carinhos


A.N.I.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Jeitinho





Por ser assim
e o amor se fez
e foi a vez
de ser assim
por ser a voz
o amor se faz
e fez-se a foz
do amar assim
por ser fiel
e sem amar
doçura e fel
do amor assim
por ser sem fim
sem ter final
só bem, só mal
ao som do amar
por ser afim
o amor se vai
e mais atrai
pro amar assim!

A.N.I.

Á Natura





O infinito jorra
do teu corpo
e a lua ganha força
no teu peito
És o efeito especial
és todo o espaço
Estrela cálidas - cadentes
nascem, ganham vida
em teus cabelos
universo de cometas;
o vento gira e beija
emana da tua boca
loucura do amor de vez
e a voz de passos!
A madruga habita
em teu regaço
e o sonho azul se faz real
no teu perfume
e fica essa distância
essa saudade...
À natura....!


A.N.I.

domingo, 1 de novembro de 2015

Sombras





Eu sei que sou apenas uma sombra
e mais,
neste infinito vale de trevas,
neste precipício de palavras perdidas
e frases decoradas,
apenas uma sombra
entre essas ruas escurecidas,
por entre os negros corpos, ocos
e já não me resta mais nada que valer.
Eu sonho,
e sei que nada mais ou do que penso ser
e imagino que seja,
e já nem sei o que devo ser
e o que serei.
Nada mais do que um edifício celular,
anatômico, antagônico
atônito de mim mesmo,
e não me resta dúvida alguma,
que a carne morre,
e nem mesmo há de sobrar um resto de
esperança
eu vou, nada fica.
E nada muda, além de mim mesmo
e nada mais vale além de mim.
Talvez me sobrem alguns sonhos,
trapos adquiridos nos caminhos a esmo
na solidão de certezas.
Nada mais do que uma sombra,
aguardando sobras e migalhas
restos,
e nada vais restar, a sombra um dia morre
apaga queda,
somente a luz e a treva
há de continuar insinuando sombras
que como eu também passarão
e que talvez, nem resistam.


A.N.I.

Provocações





A lua beija o corte
o decote mostra formas
vai além:
sobe e intromete panos
busca o oásis;
quase a fonte
desses azuis nasce o canto
e desce em lastro riso
levando cabelos de solidão!
A moça
floresce flor em banco
jasmim na força da rua
e lírio branco da esquina
e o cavalheiro ganha dela graça
já não se passa na mente
tabus (conselhos maternos)
o terno sufoca
provoca
ela solta o pássaro...


A.N.I.

É preciso aprender a viver





Há de passar o tempo
como as aves em bando
que levam pra outas terras
nas asas que vão ruflando
seus cantos em outras serras
noutros galhos revoando

Há de correr o tempo
como o vento pelas matas
nas folhas fazendo festa
no turbilhão de cascatas
brincando no chão das florestas
no orvalho das serenatas

Há de voar o tempo
deixando marcas no rosto
num leva e traz de amargura
o amor se enverga em procura
leva o sorrir traz desgosto
viver sem vida é imposto

E no tempo que decorre
alvura de esposa os cabelo
fraqueza no corpo inteiro
nos olhos velhos, luz que morre
nada ajuda ou socorre
e perde-se ao léu os apelos
no tempo que como o vento
corre pro infinito

Como aguaceiro que corre
homem nasce no menino
mudanças dos anos que voam
andanças noutros caminhos
que desentoam destinos

Presente se faz passado
futuro será presente
e há de nascer d'outro ventre
frutos de amor, de repentes.

Contra as águas do tempo
promessas não são eternas
os anos varrem os sonhos
momentos que rompem laços
abertos estão outros braços
esperam sem se cansar

Tempo corre em águas
cascatas de corredeiras
varrem mágoas, mudam vida
traz amor, rasga ferida
molda outro rosto e vive,

E é preciso caminhar
E aprender a viver
O tempo há de passar
E a vida vai correr,
E é preciso aprender a viver "viver".


A.N.I.

Agora e sempre





Cansado de um jamais
exausto de incertezas
eu venho de um naufrágio
de tristezas
de caminhos rotos
com olhares tíbios
dévios estelares
bêbado de altares
onde me busquei
puro de mil bares
onde me amputei

Cansado de demais
ausente de esperanças
eu venho de folguedos
de mil danças
e tranco travo a boca
escondo meus segredos
e busco a ânsia
do jamais eterno.


A.N.I.

Antes que parta





Antes que parta
o breve beijo dos teus lábios
antes que se abra a porta
e solta voe tua fala pelas frestas

Antes que parta
o efêmero desejo no meu corpo
antes que feche a porta
arrombarei tuas comportas
e hei de me afogar em teus soluços
e hei de naufragar em teus abraços

Antes que eu parta
o breve breve beijo do teu corpo
manchará meus lábios
e sairei sorrindo nas calçadas


A.N.I.

Ardor








O beijo
e a esperança do silêncio
a voz tão flácida
e a placidez de olhar
há o tocar além
e o respirar se faz
na oração, na ária
no canto a dois do amor

O riso corre ares
e o dedilhar contorna
um caminhar perdido
e o espaço jorra fragas
há o entoar de asas
do abraço feito em cores
são mil estrelas reluzentes
garçando corações amantes

O beijo
e o vazio se despedem
o olhar além acaricia
e o mar tangendo a praia
doira a lua
e nasce e corre, a alegria
enche a rua.



A.N.I.

Online





A rua onde moro e que namoro
É minha estrada meu refúgio.
Onde se dá a
Minha estada no mundo
Meu mar onde flutua
Minha existência em quase inércia
É só nela que eu transito
Por isto insisto
Ela é minha cidadela
onde eu me sinto bem e
o vai e vem
de carros e pedestres
Fazem-me bem
Sinto-me inclusa
Em centenas de milhares de cidades que eu jamais porei os pés
Nas suas ruas todas
Então,
deixo minha alma visitá-las
Quando fica online navegando por elas
O meu coração.

Eleni

Em busca da cova eterna.





Em volta de nós, a noite criada
surgida do anseio uno e solo
somos sombras mortas
como essa chama que cresce
crepita e depois morre.
Relembramos nossos mortos
sem cores dos amanhãs
e ficamos sempre a derivar
Somos sombras criadas
em volta do fogueira efêmera
com palavras imortais no peito
e a revolução sexual na boca.
e uma explosão de risos
embebidos de cerveja e angústia.
Estamos mortos sobre nós
e sob nossos corpos
já dano o tic tac
e em volta da fogueira
sonâmbulos vagamos, sob a lua
em busca da cova eterna.

A.N.I.

Como jamais





Eu sou uma parte dessa anarquia
Despótica, bipartidária
Apóstola do inconformismo tígrico
Católica de consumismo incomum,
Sou um pedaço desse corpo neocósmico
Ultraorgânico
Desmembrado celúlico bubos,
Além de anatomia
Sou cria parida da hibridez tesúdica
gênese cibermadrigal
Mas é preciso o muro
a juventude ainda me chama
ao medo, e ao jeans surrado
ao jazz  crucificado
ao jus de não me olhar
e não me proibir.
Eu sou um desse todo e vasto
nada mar
janela indiscreta no parapeito
do peito a boca
até fartar no olhar
De Pound, um vivaldino
dançando tango num Leblon
desfibrilando Ravels e Guaranís,
sou fruto decaído. Dessa cepa morta
entre cerca torta
na cola de saber criar a solidão.
Sou um pedaço desse chão
suado e acre hálito de abril's
sou terra
e como terra
"porque és la tierra e tendrás solamiente tierra"
e ao me partir
nada mais que pó
até o vento consumir e o pó sumir
como jamais.


A.N.I.