quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Entardecer
Passaste ao largo dos meus olhos
e o vento domingueiro
me trouxe o laranjal do teu regaço,
nem denotei a tarde
nem mais sorri palavras de colunas
segui o esvoaçar do teu sorriso
e vi o paraíso da retreta
fazer marchinhas, movimentos
na minha palheta
vagaste...ao longe do meu terno
e mais rubro fiquei ao ver tua graça
e de repente
eu vi dançar na praça, o Cisne
acompanhando rendas do teu broche
numa brochura amante
que o meu peito ainda infante
criou poemas das calçadas
e segue hoje meio roto
de tanto rascunhar-te!
A.N.I.
Hitos
A catedral em névoas
e os seculares carrilhões
e estas digressões feéricas
saintes de passos capengantes
o incenso entoa bocas, bafos
imagens pálidas erguidas
aguardam lábios batinais
há um rio inteiro, frases em dilúvios
lágrimas vetadas pelo ardor
há que curvar, persignar-se, cair!
Joelhos, bases de mundo em podridão
cabisbaixo! A mão quase eplética
se encontra e inunda
do coração olhar rasgando a nave
e a súplice oração do cio
em folhas de latim já espargido
aos pés da cruz,
a via-sacra do abandono
a via-crucis da esperança
e o ângelus da solidão!
A.N.I.
Aragem
Fotografia: blog Trecos e Cacarecos
O vento sacode folhas
e brinca com roupas no varal
há um cheiro de água na ventança
e um certo céu de frio
a cama espera
O rádio grunhe santições
sapatos espalham-se ao quarto
a luz se faz branda
e o éter narcotiza dores!
a cama vai ao vento
E o vento desfaz tranças
a roupa no varal, já seca
desfiam-se tocos e tabacos
há um quase homem, quase vida!
a cama silencia
A.N.I.
O vento sacode folhas
e brinca com roupas no varal
há um cheiro de água na ventança
e um certo céu de frio
a cama espera
O rádio grunhe santições
sapatos espalham-se ao quarto
a luz se faz branda
e o éter narcotiza dores!
a cama vai ao vento
E o vento desfaz tranças
a roupa no varal, já seca
desfiam-se tocos e tabacos
há um quase homem, quase vida!
a cama silencia
A.N.I.
Assinar:
Postagens (Atom)