domingo, 13 de novembro de 2016

Engôdos


Fotografia de Hedye H.


Ganhos regados
Com suores dos esfrangalhados
Mofados com a (pseudo) democracia
Crias da imoralidade política
Imperativa no mundo dos homens
Sem moral

São os fulanos soberanos
Sem paranhos 
Com engôdos
Causando a meritocracia
Das barganhas.
Imorais 
Feitas à luz do dia
Tramoias e falcatruas
Assistidas por uma  
Despudorada e insensível sociedade.


Eleni





Sob a Garoa de São Paulo no Largo do Arouche





Há que se danar de ardor
E beijar a flor
Há que sofrer de amor
Sem o menor pudor
Há que se lamentar da cor
Tinta em esplendor
Por viver assim enamorada
Chorar por ser tão feliz
E motivada pela beleza agressiva
Que essa cidade despudorada
Obriga-nos a contemplar
Sem fitar o mar
O sentimos perto
Talvez devido à brisa suave
Leve que ela repete
Na garoa e no canto presente
Do desavisado sabiá.
Que se posta no bronze “depois do banho”
Pensado ser ela um pé de qualquer coisa
Fita-me compreensivo da minha
Estupefação ante o colossal
Vai-e-vem de passos.
E ficamos nós dois
Enamorados diante da magnitude
De cidade em maresia de amor.

Eleni

São Paulo





É preciso anotar a vida
Deglutida
Engolida
Digerida
Envolvida
Embebida em São Paulo
Na própria vida!

São Paulo dorme...
Esquecidos nas pedras
Seus gigantes de aço e ferro
Engendram vidas.

São Paulo
Cidade de céu e chumbo
Céu de bronze e azul
As cores mesclam-se
Nos homens
Nos nomes.
Terra de garoa e pedras
Vida de asfalto e pressa
As coisas nascem
Nos homens
Nos nomes

São Paulo
Mundo de arte e sangue
Universo de palco e letras
O canto da vida
Nos homens
Nos nomes
São Paulo
Arte de existir.


A.N.I


Eleni

Participando o Particípio



Fotografia de Faron Salas


Sem nunca ter tido
Sido ou havido flor
Fui espinheiro
Ávida
Sou hoje o que me flui
O que me esvai
Ainda que
Sem ter jamais ferido
Não acarinhei o pássaro
Que voou
O que em mim agora rói
É o instante repartido
Entre futilidades e a inércia
Total
O instante perdido
Que o tempo me cobra
Que demais dói.



Eleni